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terça-feira, março 06, 2007

 

O ciclo vicioso das linhas do meu comboio

Procuro-a, procuro-a, procuro-a.E fujo dela como o diabo da cruz.
É... esta senhora, aqui, no comboio,
Era aquela rapariga à minha frente no café.
E lá estávamos os dois, a discutir aos altos berros como tanto gostávamos de fazer, na janela, naquele apartamento que podia ser o nosso
(e se fosse?)
e que fica a caminho da estação.
Tento lembrar-me de qualquer coisa que ela me tenha dito para que seja provável que a vá encontrar em qualquer sítio.
(mesmo que seja muito pouco provável)
Fujo dela.
Temo-a.
Sinto um pânico incontrolável e um incontrolável vómito, que suspeito ser de medo, subir-me pelas entranhas, só de pensar que posso esbarrar-me com ela ali, na esquina da próxima paragem.
Olho para a janela do comboio.
Para a janela.
Lá está ela.
Lá está ela nesta Lua,
Nesta Luz,
Nesta rídicula incapacidade da minha visão ver a velocidade e mal prececionar as cores.
Lá está elá.
Ali.
Aqui, em cada página dos meus textos.
Aqui está ela no reflexo dos meus óculos e eu não os consigo tirar.
Cá está ela em toda a parte e eu não lhe consigo fugir.
Ah, já a ouço no Requiem da cácófonia das conversas das pessoas.

E aqui está ele, o Revisor.
Picando o bilhete do meu destino.
Picando-a.
Picando-a.
Picando-a

quarta-feira, janeiro 03, 2007

 

FIM

"Tudo o que tinha para vos dizer o ouviste já"

 

A sabedoria de nada querer saber

Não há
Não há nada para além disto
Não há
Nem sequer um sorriso de Deus nos consolará
Nem um beijo da espôsa velhinha
Na nossa testa
À beira da mesinha de cabeceira da cama

Morreremos assim
Como estamos agora
Sozinhos
Impotentes
Frágeis
Reticentes
Curiosos
E não nos dirá sequer a nossa consciência se tudo isto valeu afinal a pena
Não valeu
Não vale
Nunca valerá

Não me tentem fazer feliz
Não me tentem mudar a alma
Eu não tenho alma
Nem esperãnça para ser feliz
Não me digam verdades
Nem mentiras
Nem nada que não exista
Não me falem de amor seus carentes apaixonados!
A mim nenhum clichê me controlará
Não me convidem para ir convosco vender postais de natal às almas depenadas
sem pena de ninguém
Não me obriguem a dizer o que não ouvem

Estou cansado
Estou agoniado
Estou farto da minha burrice patética que é a vossa
Estou exausto de ouvir as vossas vozes ridículas que são a minha

Não
Não me sentarei no vosso sofá
Confortável
Conveniente
Apaziguado por uma espécie de mentira global em que todos voces concordaram concordar

Não ouvirei os políticos
Os jovens estudantes da cidade
Os velhos reformados das aldeias
As putas badalhocas espalhadas por toda a parte
As mães preocupadas com os filhos
Os filhos revoltados com o mundo

Não sou um revoltado
Eu não sou um revoltado
Só não me chamem conformado
Conformado é que eu não sou

Não me queixarei
Não me revoltarei
Não opinarei
Não nada
calar-me-ei para sempre
guardando assim para mim a sabedoria de simplesmente não querer saber do que toda a gente sabe
e no final de contas
no final de contas
o meu sofá apertado entre os meus dentes
esmagado nas minhas próprias mãos
e aquecido pelo meu corpo sozinho

também não é nada mau.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

 

Aqui Agora Como Dantes Meu Caro

Adoro estar aqui, meu caro. Que saudades que eu tinha daqui.
Huuuuuum, este cheiro, este ar, esta maresia, esta calma, esta esplanada, este sol, estas massagistas, que não existem, mas que tanta falta fazem, meu caro!
Aaaaaai meu caro, como eu gosto de cá estar.
E que saudades tinha eu disto, meu caro, que saudades!
Lembra-se?
Passeámos aqui tantas vezes, ainda não havia aqueles prédios, ainda não havia estas árvores nem estes parques de estacionamento... ou será que eramos nós que não davamos por tudo isto? Aiiiiii que isso não interessa nada agora, meu caro, não interessa nada!
O que não daria eu agora para estar no antigamente.
O antigamente é que era. Verdade ou mentira, meu caro? Verdade ou mentira?
Verdaaaaaaaaade, meu caro, verdade!
E continuamos a ouvir as musicas que aqui ouviamos antes e este bar toca umas musicas tão diferentes, tão más, tão "para a frentex", como diz agora a malta jovem. A malta jovem agora diz "para a frentex", meu caro, "para a frentex"
- Venha de lá mais um Whisky ó Alberto!
Lembra-se, meu caro? Lembra-se que o empregado de cá se chamava Alberto?
Agora deve-se chamar "para a frentex" ou coisa assim.
Hahahaha, meu caro, hahahaha!
Aptece-me surfar, meu caro. Aptece-me ir engatar umas donzelas para a boate como antigamente.
Aquilo é que eram tempos, meu caro, aquilo é que eram tempos!
Agora é vê-los todos malucos na disconight a dançar as marteladas e a beber suminhos com que se embebedam e a ter conversas sem interesse.
Aaaaaaaaaah, meu caro, meu caro, ainda não lhe contei:
O meu mais novo, o Alberto, apareceu-me em casa com uma miúda nova, toda esburacada, toda ela era buracos, meu caro, buracos com arame farpado lá dentro.
Aaaaaaaaaai, meu caro, se isto tem algum jeito...
Ai como era bom se o tempo não andasse, não agora, mas antigamente, quando tudo estava bem.
Antigamente é que era, meu caro, antigamente é que era...
O mundo era perfeito e andavamos nus à chuva, meu caro, nús à chuva!
E agora é ver-nos deitados aqui cheios de mantas, em pleno veráo de quarenta graus, fechados num hospítal, velho, feio e fedorento a relembrar o antigamente.
Aaaaaaaaaai que saudades que eu tenho, meu caro Albúm de Fotografias de Antigamente, que saudades que eu tenho.

terça-feira, dezembro 26, 2006

 
Tu achas-te um génio?

segunda-feira, dezembro 25, 2006

 

Eugo

Eu que mais não sei do que sobreviver e deixar-me arrascar pelos cantos dos dias
Eu que não sei mais do que ter conversas banais, no café, às duas da manhã
Eu que não tenho mais nada se não a consciência de que a vida é o dedo indicador indicando a solidão
Eu que, castrado pelo meu cérebro, não consigo aproveitar um único segundo das musicas fernéticas que vós dançais
Eu que vivo aqui e é como se vivesse ali com a indiferença de morrer acolá
Eu que já nem rimar um belo verso sei, nem arrancar das minhas entranhas um momento de arte sublime
Eu que nunca serei por pensar em ser alguém
Eu que posso até nem ser nada,
serei sempre mais que todos vós juntos,
que viveis no cantinho obscuro iluminado pela ignorãncia de saber viver.
Eu que vivo e morrerei assim, sozinho, sem mim mesmo para me consolar.

 

Eu e o Álvaro

"Que bom poder-me revoltar num comício dentro da minha alma!
Mas até nem parvo sou!
Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa nenhuma; sou lúcido.

Não me queiram converter a convicção: sou lucído.
Já disse: sou lucído.
Nada de estéticas com o coração: sou lucído.
Merda! Sou lucído."

sábado, dezembro 23, 2006

 
O que ouvimos
O que dizemos
O que queremos fazer
O que sentimos
Os passos que damos
As horas consumidas
Os minutos esquecidos
Os momentos bem vividos
Os dias esforçados
O relógio inconstante
A rádio barulhenta
A televisão mentirosa
Os politicos politicos
Os sorrisos mal fingidos
Os corações destroçados
A bondade invejosa
As noites mal dormidas
As discussões transferidas
Os telémóveis companheiros
As companhias internauticas
Os assentos que aqui faltam
Os erros de gramática
A verdade mal mentida
A glória não merecida
Os gritos silenciosos
O medo do escuro
O medo das luz
O medo de nada
O medo de tudo
As equipas de futebol
As musicas mal cantadas
O esquecimento dos objectos
O alcool ingerido
A comida mal saboreada
Os sabores sem sal
Os livros que não lemos
O ar que respiramos
As historias que contamos
As falsidadeds que escutamos
As algemas que nos libertam
A liberdade psicológica
As coisas sem nome
Os nomes sem coisas
O sexo no chão
As asas que nos roubam
Os beijos que trocamos
As caricias que roubamos
Os suicidios que evitamos
As roupas que despimos
Os corpos que lavamos
A força que não temos
As violas que acompanhamos
A alma mal lavada
Os palcos mal pisados
As folhas cheias de pó
As cabeças cheias de ideias
As loucuras que fingimos
E o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim, o fim.
Não queremos ouvir uma unica palavra sobre isto, está bem?
Nem uma respiração sequer ou um gesto que seja.
Nada.
Não queremos saber nada, está bem ?
Nada.

terça-feira, dezembro 19, 2006

 
I still can't take my eyes off off off off off you.

 

Trocadalhos do carilho

Hás-de ver Hades.

 

Lamexices de duas da manhã

Amo-te, fazes-me ser eu.

 

Auto-senso-do-ridículo

Não escreverei sobre o Natal.

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